Não vejo sentido nesta promulgada rivalidade entre brasileiros e argentinos. É verdade que tenho mais proximidade com os uruguaios, com sua literatura e música, mas sinto-me freqüentemente mais para a Argentina do que para outras regiões do Brasil; e devemos reconhecer que é fato entre os gaúchos: estamos mais para o sul do que para o norte.
Raramente me prendo à programação do Mais Você, da Ana Maria Braga, mas na quinta-feira última atrasei-me para o trabalho, para acompanhar até o final a entrevista com o ator argentino Mario Jose Paes, o Maradona da novela “Viver a Vida”.
Morando em Búzios há 30 anos, Mario Jose apresentou, em uma excelente reportagem, a cidade que o acolheu e depois foi entrevistado pela apresentadora no que resultou numa conversa extremamente agradável, especialmente pela irresistível simpatia do argentino.
Vendo o programa lembrei-me de boa amiga portenha chamada Agustina Llumá. Bailarina, jornalista; é proprietária de uma das mais importantes publicações sobre arte e cultura da América do Sul, a revista Balentin Dance. Conhecemos-nos em Alegrete, almoçamos, passeamos pela cidade junto ao seu marido, e conversamos sobre nossos interesses comuns como a filosofia e arte. Agustina é uma pessoa de rara amabilidade; sensível, voz serena, boa ouvinte; é uma amiga para toda a vida.
Estas são referências que carrego dos vizinhos, e não aquelas de motoristas imprudentes que cruzam nossas estradas no verão, ou dos veranistas que emporcalham nossas praias. Meus amigos argentinos são pessoas civilizadas; sem dúvida é esta a origem da minha descrença na desavença, e, ainda, devo crer que há civilizados e incivilizados por toda a parte.
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