Por fim, depois de muito retorcer os pensamentos, percebi que não me queriam por perto. Mas sei que cada opinião vacilava sobre minha permanência ou partida ao sabor da luz dos dias e da direção do vento, mas ao final, na soma dos dias, era isto que queriam, me ver a sesmarias distante. Fui-me.
Ao voltar pude ver a casa absolutamente só, quieta, apesar do dia luminoso que fazia mais desbotado o verdinho das paredes.
O cão não correu ao meu encontro, não pulou, não me lambeu nem ao menos abanou o rabo. Entrei e o silêncio empertigado manteve-se sonoramente.
Olhei pela janela, aquela luminosidade que ofusca os seus próprios raios, já não exultava em seu intento de me cegar. Na rua me olhavam como se nunca saíra dali, como se nunca tivesse dobrado a esquina dos Ipês amarelos, como se nunca tivesse cruzado os trilhos. Recostei-me por breve instante, mas não desfiz malas nem mochilas. Não entreguei presentes nem encomendas.
Se nem o cão não abana o rabo é por que não vacilam mais, é por que não há mais nenhuma fagulha da sombra que jazia por vezes sob a copa de um cinamomo ou perambulava ligeiro pelos corredores à noite.
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